ANTONIO MARIA DELLA TORRE

Em homenagem a este grande ícone do futebol de mesa estamos reproduzindo um belíssimo texto postado hoje no facebook pelo “Museu virtual do futebol de mesa”, segue abaixo:

Naquela mesa está faltando ele: Della Torre

Hoje está completando 21 anos que o nosso amigo Antônio Maria Della Torre nos deixou. No dia 27 de setembro de 2000, um enfarte fulminante o levou para o grande time de botonistas celestiais. Ficaram saudades imensas desse coração bondoso, desse amigo fantástico que sempre lutou muito para que o futebol de mesa fosse cada vez mais organizado.

O futebol de mesa representava para Della Torre um ideal acima de tudo, mas não propriamente um ideal de conquistas sobre as mesas. Um ideal de vê-lo como um esporte reconhecido e tudo o mais que fez por merecer nesses mais de cem anos que o esporte existe.

Foi um excelente fabricante de bolas de feltro e de botões, de troféus criativos e um dos maiores divulgadores do futebol de mesa paulista e nacional.

Della Torre nasceu no dia 10 de maio de 1942, na pacata cidade interiorana paulista de Casa Branca. Viveu lá até completar seus estudos. No início de suas atividades botonísticas, aos 10 anos de idade, passou a sentir uma forte atração pelos botões dos casacos de suas saudosas tias Noêmia e Maria. Os vidros de pomadas, cremes e outros, viviam sem as tampas, que depois de passadas por um processo de desgaste de altura e acerto de perfil, eram integrados ao “esquadrão”. Os torneios eram dominicais (após a missa das sete horas), no tempo das aulas. Nas férias, eram diários.

Juntou-se então aos “cobras” da Congregação Mariana Casabranquense, onde havia uma única, mas formidável mesa de cerejeira inteiriça, que Della Torre pagaria para saber onde se encontra atualmente. Conseguiu vencer alguns campeonatos, tendo como grande rival o amigo Alcino, com quem por muito tempo ainda “batia umas bolas” quando ia visitar seus pais.

Conseguiu um time numa troca por uma coleção de marcas de cigarros. Julgava o time excelente, mas tinha certeza que, se colocasse hoje nas mesas de São Paulo, levaria muita pedrada de tão feio que era!

Em 1963, Della Torre transferiu-se para São Paulo e começou a trabalhar numa firma japonesa. Orientado por um ex-árbitro casabranquense, Della Torre cursou a Escola de Árbitros da Federação Paulista de Futebol, onde se formou em 1965 e atuou até 1968, quando solicitou afastamento por motivos de princípios morais, escassez de tempo e maior dedicação ao seu trabalho.

O time ficou mofando dentro da caixa de 1963 até meados de 1979, quando viu seus filhos jogando num “Estrelão”. Achou que os garotos tinham jeito para a coisa e, no dia seguinte adquiriu uma linda mesa oficial numa loja de esportes que muito o surpreendeu. Passou a ensinar seus dois filhos e o sobrinho na regra em que praticava em Casa Branca, uma espécie de “leva-leva”. No início dava estonteantes goleadas nos meninos e no cunhado. Passado algum tempo, eles evoluíram de tal forma que o “mestre” passou a ter muita dificuldade em suplantar os “discípulos”.

Armou um campeonato, fez o regulamento e quando, na empresa onde trabalha, foi tirar uma cópia do mesmo, um colega seu chamado Yoshinori Enomoto viu e disse que jogava num clube chamado Riachuelo. Como havia voltado a jogar há pouco tempo, interessou-se e, no sábado seguinte, lá estava Della Torre, assustado com tanta técnica. Jogavam Guilherme Biscasse e Eliahou Vidal, este de visita. Voltou no sábado seguinte, ocasião em que teve a imensa honra de conhecer entre tantos amigos o bondoso, correto, honrado e cativante Geraldo Décourt. Através dele ampliou seu rol de amigos e conhecimentos botonísticos.

Jogou no Riachuelo por quase dois anos e de lá foi para o BOTUNICE – Botonistas Unidos dos Campos Elíseos, onde alcançou sua melhor forma.

No início dos anos 80, Della Torre ajudou a reativar a Federação Paulista de Futebol de Mesa, que se encontrava desativada. Foi presidente da entidade em três oportunidades: 1983/1984, 1988 a 1990 e 1999/2000.

O título mais importante conquistado dentro do futebol de mesa foi o de campeão brasileiro no certame realizado em outubro de 1982, em São José dos Campos (SP), na regra do Vale do Paraíba (oito toques).

Della Torre considerava sua melhor partida no futebol de mesa a que ele fez contra Domingos Varo Neto, o Mingão, num torneio do Sirio. Placar no tempo normal: 9 x 9. Seu nono gol foi marcado no tocar do relógio. Na prorrogação de cinco minutos cada tempo, venceu por 4 x 2.